quinta-feira, 28 de outubro de 2010

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Alvorada

Fim de semana eu vou poder sambar
Eu vou direto pra quadra iaiá
fazer a minha celebração

Porque o samba está inteiro dentro de mim
É minha maior louvação
Minha razão de viver
e de ser

Não adianta fazer feitiço, discriminar
O velho samba resiste
persiste e insiste em me ensinar

como sobreviver
como domar a dor
como pagar pra ver
ser da vida um ator

A ter esperança
como o raiar alvorada
iluminando dias

Porque o samba está inteiro dentro de mim
É minha maior louvação
Minha razão de viver
e de ser



Carlos Miranda / Felipe Miranda
Março/2010

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Cinza

O céu era cinza.
As nuvens eram cinzas.
No ar, cinzas.
As pedras, cinzas.
Monumentos cinzas.
Dos automóveis cinzas.
A rua cinza.
A cidade cinza.
O chão cinza.
De branco, a esperança nos olhos.
De preto, o menino deitado em seu travesseiro.
Um saco de lixo.
Conforto sem luxo
na cabeceira de um bueiro.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

endocardite?

Meu coração dói
Mas não é dor que corroe.
Em nada se parece isquemia.
É dor latente.
Não dói por pulsar.
Pulsa a dor por respirar.
No ictus da dor nada auscutaria.
Será sintoma de endocardite?
Prenúncio de falência seria?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Cartão vermelho

Vamos caçar a incoerência no discurso!
Vamos criminalizar todo discurso incoerente!

Vamos expor
Rasgar
Queimar
Escarnecer

Todo discurso incoerente!
Discurso todo incoerente!

Eu voto na incoerência. O incoerente me soa bem.
Cartão verde outrora, cartão vermelho agora!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Pangéia

“Navegar é preciso,
viver é impreciso”
Precisas palavras do Pessoa.
Prefiro parafrasear um bom amigo.
Arriscaria dizer:
Remar pra quê?

Se dizem por aí que foi à toa
sem querer
que descobriram a américa.
Não se separam continentes por umas gotas de água e sal.
Não se definem dois irmãos pelo sangue de um mesmo pai
ou pelo sangue de uma mesma mãe.

A grandeza do mar
é tão maior que o oceano
e nem chega perto
perto do que
juntos somos.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Eleições

“O que faz um deputado federal? Na realidade eu não sei.”

Me arrisco a falar de um assunto sobre o qual sou um completo analfabeto: Democracia.

Dizem que democracia vem do grego, “demos” (povo) + “kratos” (autoridade); Governo do povo, pelo povo e para o povo, na célebre definição de Abraham Lincoln.

Democracia é alternância de poder! Talvez o povo brasileiro até concorde com isso em certo grau e gênero, mas não necessariamente em número. Pelo menos é o que vimos nas últimas pesquisas e no resultado do primeiro turno para as eleições presidenciais em 2010.

Em nossa democracia participativa, temos a “liberdade” de escolher nossos representantes a cada 2 anos. Escolhemos presidente, senadores, deputados, vereadores, prefeitos e governadores: ou melhor, às vezes pensamos que escolhemos. Afinal, por que meu candidato a deputado teve mais votos do que o seu, e o seu ganhou e o meu perdeu?

Elegemos deputados e vereadores pelo voto proporcional. A divisão aritmética das cadeiras em disputa entre os partidos políticos, com a finalidade de assegurar um debate democrático e a representação das minorias, tem se tornado, cada vez mais, um instrumento de corrupção, a partir da fabricação em laboratórios, ou melhor, diretórios (partidários) de candidatos bizarros puxadores de votos, que levam consigo além da alegria e palhaçada, mensaleiros e sua cambada! Os palhaços e analfabetos que elegemos, assim como os corruptos, são o nosso espelho!

Aos três anos de idade, graças à constituição de 88, ganhei a ”liberdade” de poder votar aos dezesseis, direito que exerci analfabeticamente. E continuo a exercer até hoje. É que vivo num cenário de grande pluralidade partidária, são tantos candidatos, legendas e propostas. Não sei qual a melhor. Pra falar a verdade nunca li um projeto de governo. Pra falar a verdade, não sei nem ler. E dizem por aí que analfabeto é o Tiririca, o deputado federal, do “Pior não fica”, mais bem (ou mal) votado nestas eleições. Churchill que o diga, democracia é “o pior de todos os regimes, à exceção de todos os outros já testados.”

Gostaria mesmo que a democracia fosse alternância de servir, mas, considerando a definição etimológica de democracia; considerando que vivemos num país com uma taxa de analfabetismo de cerca de 10%, somando 14,1 milhões de analfabetos; considerando o analfabetismo funcional, onde 1 em cada 5 pessoas são incapazes de ler e compreender um simples texto; considerando ainda os analfabetos políticos, o pior de todos, como bem lembra Bertold Brecht, eu diria:

Democrasia, é a iginoransia no poder.