sábado, 25 de setembro de 2010

Choro de repente

Vô contá essa istória
Pros cabra ficá contente
Apesá que esse conto
É um tanto deprimente
Sobre o cumpáde Seu Sabino
Um pedreiro respeitado
Que esfaleceu de repente

Esfaleceu de repente
Seu Sabino foi se embora
E Seu Gonçalo que era primo
Num tinha um tustão na hora
Percorreu mais de três dias
Todas as secretaria
Até achar a que queria

Morava no interiô
Era pobre de baixa renda
Mas era trabaiadô
vivia dentro de uma tenda
Era muito boa gente
Sustentava a famía
De seis fío e uma fía

Assim era Seu Sabino
que esfaleceu de repente.
E seu Gonçalo que era primo
quis fazer enterro descente.
Mas num tinha um tostão
E foi em busca de um irmão
Que lhe fosse condescendente.

Ao fim da peregrinação
Depois de tanto chorá
Conseguiu uma doação
Ganhou Auxílio-Funerá
Da Secretaria do Trabaio
Direitos do Cidadão
e Assistência Sociá


E conseguiu enterrá o irmão
Que na verdade era primo
Era tanta ligação
brincavam desde menino
futebol, roda-pião
arraia, bola de gude
bate prego e fura pino.

E foi um tá de chororô,
a famía comovida,
me acode meu sinhô
cumé que vai ficá minha vida
No enterro de Seu Sabino
que amava sua famía
de seis fío e uma fía.

Eu fico agora a imaginar
como vosmicê se sente
depois de eu lhe contá
essa istória comovente.
Se no inicio eu lhe falei
vo contá essa história
pros cabra ficá contente.

Pros cabra ficá contente
Foi do Auxilio-Funerá.
Num foi da história comovente.
Que dá vontade de chorá
Que Deus o tenha seu Sabino
E que ajude os seus minino
A crescê e se criá

Se pra quem morre de repente.
tem auxilio-funerá
Pa pudê rimá contente,
seu dotô, eu vô chorá
Venho lhe solicitá
o tal do bolsa-repente
pra gente repenteá.




Conto baseado numa história real.

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